Quais são os órgãos que podem ser doados após a morte?

Você sabe como funciona a doação de órgãos no Brasil? Por lei, é necessário que a família do falecido autorize o procedimento. Por isso, se esse for o seu desejo, é importante conversar com todos e deixá-lo claro.

O assunto, inclusive, precisa ser mais discutido dentro de casa, pois a negativa familiar ainda é o principal motivo para que muitos se recusem a realizar a doação. Só para você ter uma ideia, em 2018, 43% das famílias impediram que o procedimento acontecesse, fato que contribui para uma baixa taxa no número de transplantes.

Sendo assim, perguntamos: o que você conhece sobre o assunto? No texto, explicaremos quais são os órgãos que podem ser doados após a morte e o que você precisa fazer para se tornar um doador. Acompanhe!

Quais são os órgãos que podem ser doados após a morte, afinal?

Antes de tudo, saiba que não é em qualquer momento que os órgãos podem ser retirados para doação. Segundo a Lei 9434/1997, isso só pode ser feito depois de constatada a morte encefálica, ou seja, quando o cérebro deixa de funcionar. Agora, veja quais são os órgãos que podem ser doados após a morte.

Córneas

As córneas podem ser retiradas até 6 horas após uma parada cardíaca. Além disso, podem ficar preservadas, em uma solução especial, por até 7 dias. Esses tecidos não podem ser doados em vida, já que isso comprometeria o bem-estar do indivíduo doador.

Coração

Para a doação do coração, não pode haver parada cardíaca. O órgão pode ficar preservado por um tempo de 4 a 6 horas. Assim como as córneas, não há permissão da doação ainda em vida.

Pulmões

A situação é igual à do coração: o doador não pode ter tido parada cardíaca, pois isso compromete o bom funcionamento do órgão. O tempo máximo de preservação é de 4 a 6 horas. Pode haver doação ainda em vida, desde que apenas um deles e, somente, em situações excepcionais.

Rins

Devem ser retirados até 30 minutos após a parada cardíaca. Os órgãos ficam preservados por até 48 horas. Em vida, só apenas um deles pode ser doado.

Fígado

Só pode ser doado se não houver parada cardíaca. Seu tempo de preservação é de 12 a 24 horas. Em vida, pode ser doado apenas uma parte do órgão.

Pâncreas

Assim como o fígado, esse órgão tem que ser retirado antes da parada cardíaca e pode ser preservado por até 24 horas. Não pode ser doado em vida.

Ossos

Podem ser retirados até 6 horas após a parada cardíaca e ficam preservados por até 5 horas. Os ossos podem ser doados em vida.

Pele

São retirados 1,5 milímetro de espessura, geralmente da barriga, costas ou coxas. A pele também pode ser doada em vida e tem validade de até 2 anos.

E os outros órgãos?

Fora do Brasil, existem algumas cirurgias de doações que, aqui, ainda não são comuns. A de intestino e de estômago são bons exemplos. No entanto, isso tem começado a mudar de figura. Ocorreu, por exemplo, de um transplante de intestino, com sucesso, no país, em 2019.

Quais os pré-requisitos para doar órgãos?

Sem os pré-requisitos, a doação de órgãos não acontece. Entenda-os a seguir!

Ter a morte comprovada

Um dos motivos das poucas doações é o desconhecimento acerca do processo, que só acontece quando há comprovação da morte cerebral, condição irreversível e que precisa ser atestada por 2 médicos. O receio está no fato de muita gente confundir a situação com um coma, hipótese essa que não caracteriza a vítima um potencial doador.

Ter a permissão da família

Outro pré-requisito é a permissão familiar, mesmo que a doação seja realizada para um membro da família, como de um pai para um filho. Se o procedimento for feito para parentes de 5º grau em diante, ou entre desconhecidos, ainda será necessária uma autorização judicial. Essas imposições existem para evitar o tráfico de órgãos, que é proibido no país.

Não ter a saúde comprometida

Para as doações, é importante, antes de tudo, que os órgãos estejam intactos. Por exemplo, alguém com cirrose não teria condições de doar o fígado. Também não pode haver infecções, nem câncer generalizado ou doença transmissível e incurável (a exemplo de Aids e hepatites B e C). Se todo o contexto estiver ok, a idade não costuma ser um impeditivo.

Qual o processo para se tornar um doador de órgãos?

Agora que você já sabe quais os órgãos que podem ser doados após a morte e quais os pré-requisitos para o procedimento, entenda os passos para se tornar um doador!

Converse com os familiares

Esse é o passo principal, pois, como explicamos, é uma regra da lei solicitar a autorização da família, antes da retirada e doação dos órgãos. Avise todos sobre sua vontade, explique a importância do ato e converse a respeitos dos principais mitos, caso alguém se mostrar resistente. Muitas vezes, esse receio se faz presente apenas pela falta de conhecimento.

Coloque a autorização na identidade

Não é o único passo, mas é uma forma de comunicar a todos — família e médicos — a sua vontade. Para isso, dirija-se a um posto que realize a emissão da segunda via da identidade, munido dos devidos documentos, como a certidão de nascimento. Algumas cidades realizam o agendamento pelo site, por isso não deixe de conferir os procedimentos na sua região.

A doação de órgãos pode comprometer os rituais pós-morte?

Fique tranquilo, pois não há comprometimento nos rituais. Depois da morte encefálica, caso a família permita a retirada dos órgãos para doação, isso é realizado durante a autópsia. Ao contrário do que muita gente imagina, o corpo não fica deformado, pois existem procedimentos que recuperam a aparência dele. Sendo assim, pode haver velório, enterro e cremação, tudo normalmente, conforme a vontade do falecido e da família.

Bem, depois de toda essa explicação, você entendeu quais são os órgãos que podem ser doados após a morte e descobriu os pré-requisitos para isso, certo? Agora, não se esqueça do principal: discutir o assunto com a família e esclarecer a sua real vontade!

Gostou de descobrir quais são os órgãos que podem ser doados após a morte? Que tal, agora, falarmos sobre o medo da morte e aprender a abordar esse tema tabu com a família?

Disponível em: A vida precisa continuar: 27/9 – Dia Nacional da Doação de Órgãos https://bvsms.saude.gov.br/a-vida-precisa-continuar-27-9-dia-nacional-da-doacao-de-orgaos/#:~:text=A%20doa%C3%A7%C3%A3o%20pode%20ser%20de,pode%20ser%20feita%20em%20vida. Acesso em: 02 de Março de 2021.

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